terça-feira, 16 de novembro de 2010

Nós dois!

Às vezes nos perguntamos como pode o mundo dar tantas voltas. Tem momentos em que parecemos perder tudo  aquilo que se tornou imprescindível em nossas vidas. Um rumor do fim passou como o vento que sobe a poeira no término do vendaval.
É tão obscura a noite de quem ficou para trás e espera ser lembrado um dia com um pouco de simpatia...
Ah, as ilusões da perdição que nos domina...
O que fazer para reerguer aquele pouco de você que sumiu?
Aquele pouco que era eu...
Existia eu em você? E se existia o que aconteceu comigo? Onde, na imensidão do teu olhar, eu fui parar? Fui para algum cantinho remoto da tua memória? Ou me tornei pó de estrela nas tuas mais doces lembranças?
Você ficou aqui, mesmo sem querer, sobreviveu sem que eu te adubasse, por todos estes anos. Sem uma migalha de olhar, você estava aqui. Esteve presente nos lugares em que passamos juntos. Aquela parede, em que me encostas-te para beijar-me,  ainda pergunta por ti. O supermercado na esquina da tua casa me diz que te viu semana passada... E eu sigo esta vida em preto e branco...
Sempre gostei dessas cores. Os filmes, as fotos, a música da época em que tudo era preto e branco sempre me foram atraentes. Mas, ao viver com estas duas colorações em tudo, simplesmente o meu mundo já não mais fazia sentido. As flores desbotaram. O carmim tinha um tom de azul. E as virgens puritanas da rua já não sorriam...
O que eu poderia fazer pra te esquecer?
Eu acreditei que havia esquecido...
Mas, você voltou. Apressou o passo, me alcançou. Os olhos de sempre. O gosto diferente... O toque forte e banal. Havia alguma maneira de fugir? Eu queria fugir? Não... Eu queria você uma última vez. Eu precisava saber como seria. Valeria a pena arriscar tanto? Arriscar todos os anos que levei para fingir que você foi um sonho. Eu idealizei esse tempo todo como seria te encontrar. Impressão que te veria em frente à escola que estudamos... aquele menino parecia tanto com você!... Ilusão! Ilusão foi pensar que você fingiria lembrar-se pouco de mim, ou que havia me eliminado da sua memória. Ilusão foi pensar que pouco signifiquei... Estamos enganando à quem?! Sabes bem que fui eu teu único amor.
Eu menti. Você mentiu.
Afinal, somos quem realmente?
Somos o que eles chamam de amantes?
Não, é tão pesado para descrever algo tão plácido.
Somos entidades místicas que se renderam a um mundo paralelo?
Somos pobres de espírito que se contentam com encontros escusos pela vida?
Somos humanos sem razão e sentido para suas atitudes descábiveis?
Ou somos apenas seres fracos demais para resistir a algo mais forte que nós dois?...

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