quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Vaidade não é tão ruim!

 Quando eu era criança minha mãe abominava algumas "frescuras" de outras mães de nosso convívio. Para começar, ela nunca furou minhas orelhas. Dizia que havia feito uma promessa, e que eu deveria me conformar. "Afinal, pra quê criança com brincos?!", dizia.
 Tempos depois brincava com as outras crianças de "pintar as unhas". Lembro que uma das vizinhas pintava as minhas unhas com um tom de rosa tão claro que, se eu fosse mais corada,  seria confundido com o tom da minha pele. Mas, a minha mãe percebia. E não gostava nadinha. De tanto dar-me bronca, abre mão da brincadeira.
 Então, chegou a puberdade. Cedo. Bem mais cedo do que minha mãe gostaria...

  Depois de me levar ao médico, para tomar ciência das "coisas da vida"., ela comprou meu primeiro batom. Eu tinha dez anos. Ele tinha a cor da minha boca. Quase dois anos depois, passou a me deixar pintar as unhas. E eu fui à forra! Nos dois anos seguintes usei todas as cores de esmalte que vocês consigam imaginar. Exceto (claro!) as cores proibidas: preto, vermelho e seus derivados mais escuros.
 Contudo, eu não me maquiava, não comprava roupas novas a cada estação, não frequentava o salão de beleza, nem nada do tipo. Era tudo vaidade. E vaidade era um senhor pecado!

 Assim passaram-se os anos. E eis que já me encontrava com dezoito anos. Dezoito anos e nenhuma maquiagem! Pasmem! É...isso é mesmo estranho. Ainda na adolescência, com uns 13 anos, tentei usar rímel. Só pra ver como era. Tive reação alérgica aos cinco produtos de marcas diferentes que comprei (escondido).
 Na época, eu trabalhava como assistente de produção de um programa local. O diretor um dia me questionou a cara limpa. E comecei a usar rímel incolor, pó compacto e alguns batons mais "coloridos".

 Eu nunca fui "bicho do mato". Mas, eu não tinha esse instinto de me ver como um troféu da beleza. Não tinha necessidade alguma de ser observada, admirada. Tudo por que eu mesma não via nada em mim que pudesse ser admirado. Me considerava um verdadeiro patinho feio. Outro dia, olhando fotos daquele período, eu vejo que não era assim. Muito pelo contrário! Não era uma miss. Mas, tinha atributos. Uma pele tão lisa, tão limpa que parecia vinda de um comercial. Não lembro de ter tido espinhas naquela época. Nenhuma! Tomava sol esporadicamente. A alimentação era saudável. Tudo propício para ter aquela beleza natural. Que nem eu mesma podia ver. Era tímida, tinha poucos amigos, e uma mãe que cuidava de mim à rédeas bem curtas.

  O estalo veio anos depois. Na maturidade, com a obrigação de trabalhar bem vestida, maquiada. Foi quando comecei a gastar mais tempo na frente do espelho cuidando dos detalhes daquele rosto, que comecei a observar a beleza dele. Foi ali que comecei a me admirar.

  Quem frequenta este blog ou me conhece, sabe que minha vaidade teve mais motivos para ficar aprisionada durante tanto tempo. Hoje não quero mencioná-los. O importante, e essa é a mensagem, é ver-se como você quer! Não importa se você adora preto, tons escuros e quer andar por aí como quem está de luto o tempo todo. Você gosta? Sente-se bem? Então, que se dane o resto do mundo! 


 Eu amo me cuidar! Amo fazer compras! Amo me ver linda a frente do espelho! E não preciso que ninguém diga isso para que me sinta assim, tão de bem comigo mesma.Porque me visto, me arrumo, me cuido única e exclusivamente para mim. Porque já passei tempo suficiente dentro do casulo. Porque “o essencial é invisível aos olhos” mas, o que vejo no espelho me agrada muito, centímetro por centímetro.

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